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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ser de menos pode ser demais

Tudo que útil demais, também é chato demais. Tudo que é demais também é de menos. Palavras demais, sorrisos demais, funcionalidades demais. Demais enjoa. Demais é ter seu tempo e aproveitá-lo com utilidades, se e somente se. Pois bem. O inútil também é demais – no melhor sentido da palavra – acredite! Ser inútil, de vez em quando, não é problema, muito pelo contrário, É NECESSÁRIO. Parar um pouco no tempo porque está tocando a sua música preferida. Desmarcar um compromisso pra curtir sua cama – você trabalhou demais hoje. Depois de um semestre inteiro, permitir-se à “inutilidade” de jogar conversa fora com seus amigos de faculdade. Quem foi que disse que pra viver bem precisa ser útil cem por cento do tempo?

A arte, por exemplo, não é algo de extrema utilidade. Pra que comprar um quadro? Se ele só vai enfeitar a parede? Pra que ir ao teatro? Pagar caro pra ver artistas que você nem sabe quem são? As flores, também, não são úteis. Ora, bolas, por que uma montoeira de violetas na janela, se elas só dão trabalho? A poesia, então... qual é a utilidade de ler o que o poeta criou no seu mais profundo momento de melancolia? Viver não é útil – se mata logo.

Acontece, meus amigos, que temos que parar com essa nossa mania constante de querer atribuir valores a tudo e a todos, atribuir utilidades a tudo e a todos. Poxa, você poderia fazer tantas coisas, mas resolve ficar deitado a tarde toda na rede, vendo os passarinhos que pousam sobre o muro da sua casa. Você poderia estar lendo mil textos, mas prefere ficar com sua mãe pra ver a novela junto com ela. Você poderia se matar trabalhando hoje, mas prefere fazer só o que lhe é necessário. E deu.

É nas pequenas inutilidades cotidianas que você tem uma grande válvula de escape – a possibilidade de se permitir. A possibilidade de fugir da rotina, intervir ao que se está acostumado a todo o momento, alimentar suas loucuras e, principalmente, sua vontade de estar cada vez mais vivo. As coisas inúteis te fazem SER HUMANO, te jogam pra bem longe de quaisquer possibilidades de perfeição. Alteram o seu curso, lhe fazem pensar um pouco mais em si, lhe fazem ficar encantado por alguns segundos e horas. Não há como ser inútil o tempo todo, por obviedades, mas de vez em quando dá e faz bem. E como faz! “É o nada que, em sua extrema pureza, dá o verdadeiro sentido da vida” (MEDEIROS, Martha. 2010). Ser demais é ser de menos. Assim como ser de menos, com certeza, pode ser demais.

2 argumentaram:

PiuPiu disse...

É tão bom ser inútil de vez em quando! :) Lindo blog!

Gabe disse...

ser demais é ser de menos ;]