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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

deixa a música te levar

Tem músicas que conseguem me proporcionar sensações que nem o melhor dos chocolates suíços me proporcionaria. Aliás, nos últimos tempos venho notando o quanto sou sensível para a musicalidade, o quanto um simples grave ou agudo de uma voz consegue me arrepiar tão facilmente. Por falar em arrepiar, sou daquelas que identifica se a música é boa ou não pela quantidade de arrepios que causa. As péssimas, nenhum arrepiozinho. As mais ou menos, arrepio na orelha. As boas, arrepio no corpo todo. As sensacionais, corpo todo e bochechas. É, arrepio nas bochechas. Basta escutar uma melodia muito bem composta e uma voz estonteante que parece que meus pelos sairão do meu corpo – inclusive os microscópicos localizados nas bochechas – de tão arrepiada que fico. E, quando menos percebo, estou fechando os olhos, sorrindo no canto da boca, prestando atenção em cada detalhe daquela canção – uma boba completamente declarada.

Algumas músicas me dão um aperto no coração, parecem que foram feitas para a minha pessoa, exatamente naquele momento que as ouço. Já outras aceleram esse meu pulsar, dá vontade de sair gritando para o mundo inteiro as minhas vontades, as minhas raivas, os meus medos, as minhas opressões. Outras, ainda, tremelicam esse mesmo órgão que vos falo, acendendo em mim um desejo insano de pular – e mais nada.

Adoro, inclusive, quando toca uma música e, quando eu menos percebo, meus lábios cantam a canção, acompanhando cada ritmo – por mais que, às vezes, eu não saiba exatamente a letra. Fazendo isso mais pareço uma retardada, eu sei, mas uma retardada estupidamente feliz!

A música me tira do sério, me faz chorar quando eu mais preciso, me faz cair em gargalhadas ou, simplesmente, mata aquela minha vontade de desafinar por aí. A música é uma válvula de escape, um tempero para a inspiração, um motivo para despertar o que estava escondido lá no fundo da alma.

O mais incrível disso tudo é quem faz a música e compõe a letra. Puxa! Como eu admiro esses artistas que, ao dedilhar o seu violão velho, conseguem descobrir notas que se transformam em arrepios para mim. E, também, como eu admiro essa gente que tem voz que transpira emoção a cada letra cantada, que fazem eu ser completamente apaixonada pela minha audição e os demais sentidos que ela acaba despertando. Música, gente, eu não poderia viver sem. Sem essas sensações, sem esses desejos ocultos despertados, sem esses arrepios – nas bochechas, inclusive.

Post inspirado no filme Across The Universe – que demorei tanto tempo para ver, mas, agora que vi, nunca mais vou me esquecer.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ser de menos pode ser demais

Tudo que útil demais, também é chato demais. Tudo que é demais também é de menos. Palavras demais, sorrisos demais, funcionalidades demais. Demais enjoa. Demais é ter seu tempo e aproveitá-lo com utilidades, se e somente se. Pois bem. O inútil também é demais – no melhor sentido da palavra – acredite! Ser inútil, de vez em quando, não é problema, muito pelo contrário, É NECESSÁRIO. Parar um pouco no tempo porque está tocando a sua música preferida. Desmarcar um compromisso pra curtir sua cama – você trabalhou demais hoje. Depois de um semestre inteiro, permitir-se à “inutilidade” de jogar conversa fora com seus amigos de faculdade. Quem foi que disse que pra viver bem precisa ser útil cem por cento do tempo?

A arte, por exemplo, não é algo de extrema utilidade. Pra que comprar um quadro? Se ele só vai enfeitar a parede? Pra que ir ao teatro? Pagar caro pra ver artistas que você nem sabe quem são? As flores, também, não são úteis. Ora, bolas, por que uma montoeira de violetas na janela, se elas só dão trabalho? A poesia, então... qual é a utilidade de ler o que o poeta criou no seu mais profundo momento de melancolia? Viver não é útil – se mata logo.

Acontece, meus amigos, que temos que parar com essa nossa mania constante de querer atribuir valores a tudo e a todos, atribuir utilidades a tudo e a todos. Poxa, você poderia fazer tantas coisas, mas resolve ficar deitado a tarde toda na rede, vendo os passarinhos que pousam sobre o muro da sua casa. Você poderia estar lendo mil textos, mas prefere ficar com sua mãe pra ver a novela junto com ela. Você poderia se matar trabalhando hoje, mas prefere fazer só o que lhe é necessário. E deu.

É nas pequenas inutilidades cotidianas que você tem uma grande válvula de escape – a possibilidade de se permitir. A possibilidade de fugir da rotina, intervir ao que se está acostumado a todo o momento, alimentar suas loucuras e, principalmente, sua vontade de estar cada vez mais vivo. As coisas inúteis te fazem SER HUMANO, te jogam pra bem longe de quaisquer possibilidades de perfeição. Alteram o seu curso, lhe fazem pensar um pouco mais em si, lhe fazem ficar encantado por alguns segundos e horas. Não há como ser inútil o tempo todo, por obviedades, mas de vez em quando dá e faz bem. E como faz! “É o nada que, em sua extrema pureza, dá o verdadeiro sentido da vida” (MEDEIROS, Martha. 2010). Ser demais é ser de menos. Assim como ser de menos, com certeza, pode ser demais.