Sempre tive pra mim que o sentimento mais indescritível e inexplicável é o amor. E quanto mais o tempo passa, mais tenho certeza disso. Esse sentimento intriga a humanidade desde os seus primórdios. Diversos renomados filósofos gastaram praticamente todas suas vidas tentando explicar esse sentimento e o que ele pode causar nas pessoas. Shopenhauer, por exemplo, tratou o amor de forma direta, abrangente, é aquilo e ponto. Já Freud viu em inúmeras sensações implícitas significados e explicações múltiplas pro tal do amor. (Baseado em conhecimentos mínimos, os especialistas em filosofia que me perdoem). O dicionário define amor como sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, entre tantas outras linhas de palavras que só nos deixam ainda mais confusos.
Pois bem, filósofos, Aurélio, pessoas leigas. Pra mim, definir o amor e procurar razões para sua existência é pura perda de tempo. Por mais que estudiosos insistam em achar termos e etc para mostrar uma certa consistência a esse sentimento, o amor consegue ser a coisa mais subjetiva do mundo. Subjetiva, intocável, distinta e igual. O amor pode ser lindo, como pode ser horrível. Pode ser o melhor sentimento do mundo e também pode ser o pior. Pode ser sentido no mesmo instante ou pode demorar anos para ser construído. Pode ser puro, pode ser doentio. Pode deixar a pessoa no céu e também pode deixá-la no mais ardente dos infernos.
O amor é o amor, aquele que consegue ser o cúmulo do abstracionismo, aquele que é sentido de maneira diferente e pessoal por cada um. Não dá para dizer quem ama mais, quem ama menos, quem ama certo, quem ama errado. Amor não tem disso, não tem nada disso. Ele não pode ser julgado, falado, repetido, comparado. Só pode ser sentido, curtido e interpretado individualmente. Afinal, mal sabemos se ele existe ou se é puro fruto da nossa insistência em idealizar tudo...
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Amor?
ortografado por Bia às 17:49 0 argumentaram
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Dia do$ namorado$
Adoro o dia dos namorados. Acho um dia tão romântico, lindo e lá fora aparecem milhões de coraçõezinhos simbolizando que é o dia D. Ok, exagerei. Na real, eu não sou muito a favor desse negócio de data comemorativa. Todo o simbolismo sentimental que a tal data é para proporcionar vai por água abaixo. O que mais vem à mente dos casais enamorados é, nada mais e nada menos do que a palavra PRESENTE. É. Um dia que, na teoria, deveria ser significativo, na prática, é $ignificativo, se é que você me entende. O dia dos namorados é totalmente criado para impulsionar o mercado: marcas criam novos produtos pro tal dia, hotéis lotam na Serra Gaúcha, alinças quase sem correndo das joalherias e até os solteiros frustrados choram em casa e gastam horrores em diversões solitárias por não ter com quem partilhar o dia.
E, infelizmente, não é só com o dia dos namorados que isso acontece. Na páscoa, ovos de chocolate, e só. No dia das mães, "que presente vou dar pra minha mamis?", um cartão de euteamoobrigadaportudo, e só. No natal, presente pra todo mundo, e só. O máximo que fazem é reunir a família pra cantar cantigas para então distribuir os presentes que saem de um saco gigante vermelho. Er, odeio generalizar, pode ser que com você não seja assim. Mas, nesse caso, me permito a tal ato. Porque com a tão afamada maioria é assim mesmo que ocorre.
Voltamos ao dia dos namorados. Conheço muitos que vão se dar presentes, uns beijinhos, e deu. Conheço outros que vão passar um dia romântico em não sei aonde. Outros, vão virar pro lado e dormir. Sei que é totalmente clichê dizer isso, mas o dia de namorar, dia de olhar pra pessoa amada e dizer o quanto se sente bem por estar com ela, não deveria ser centralizado num só dia comemorativo. Aos que não fazem isso, minhas admirações. Aos que fazem, vamos nos ligar, né? Mimar quem você ama/gosta/curte, não necessariamente nessa ordem, deveria ser espontâneo e não ceder às pressões causadas por um dia D. E menos valor ao consumismo... Já que a data existe, deixe-se levar pelo seu lado mais sentimental, faça momentos nostálgicos e curta intensamente com seu amor :)
E aos solteiros, sem pressão. É só encarar o dia como se fosse como qualquer outro, ué. (Apesar dos milhões de coraçõezinhos no ar não te deixarem em paz. Exagerei de novo).
Ah, e feliz dia pro meu namors :) O moreninho lindo da foto lá em cima, ó! s2
ortografado por Bia às 16:30 3 argumentaram
terça-feira, 8 de junho de 2010
Ela
Ela se encanta. Percebe nele os mais ínfimos detalhes, como o sorriso do canto da sua boca ou aqueles choros com suspiros que a enlouquecem. Ela ama estar com ele, sentir o cheiro dele, tocar na pele dele, estar com ele. Lembra de todas as datas, de todos os beijos, de todos os gostos. Apaga as brigas e quaisquer resquícios de discussão da memória, não quer desgastar um sentimento tão lindo e visivelmente nobre. Ela repara em todos os jeitos de agir dele: a voz de manhã cedo, o olhar dizendo boa noite, o cheiro tão único que ele exala. Ela o tem na sua vida. Ele não parece ter.
Esquece de avisá-la que hoje não vão poder comemorar mais um mês juntos porque o futebol com os amigos é mais importante (se é que vai jogar futebol). Deixa ela plantada na janela do apartamento esperando ver o farol do seu carro chegar. Esquece que ela tinha uma reunião decisiva hoje e sequer pede como foi. Não se importa com ela tanto quanto ela se importa com “os mais ínfimos detalhes” dele. Ela dá um valor absurdo pra ele. Ele não. Ela quer ele pra ela todo dia. Ele, de vez em quando. Ela se contenta com um sorriso dele. Ele não se contenta só com um beijo dela. Ela quer mais dele. Ele quer mais ELA. E só. Ele não pensa nos sentimentos, já ela é toda coração. Ela começa a se cansar. Desgastar. Desencantar. Ensaia quinze vezes a maneira que vai se desfazer de tudo isso, mas basta ele chegar com toda sua fila de ínfimos detalhes pra ela jogar pra longe a possibilidade de viver sem ele. Até que ela, de tanto se amargurar, de tanto juntar situações de desvalorização explícita, se esgota. Se esgota e vê que é melhor viver de coisas concretas. De quem enxerga nela aqueles malditos detalhes que ela enxergava nele. Ela diz adeus pra ele. Ele que nem parecia ter dito oi pra ela. Pra ela e pros sentimentos dela. Basta o adeus dela pra ele começar a sentir um terço do que ela sentia. Pra ele começar a reparar nela mais. Bem mais. Pra ele perceber que tinha uma ótima pessoa ao seu lado. Se arrepende. Ele, claro. Ele resolve buscá-la novamente. Declarações, escusas, palavras ditas agora que deveriam ter sido ditas antes. Bem antes. Ela, agora, não dá mais bola.
Esqueceu dos detalhes, esqueceu dos sorrisos, esqueceu da voz, do cheiro e tudo que isso a fazia sentir. Guarda-o pra sempre, nas lembranças, e não mais que isso. Ele que não tinha ela na memória agora não sabe mais o que fazer para tirá-la do coração. E é assim que muitas histórias de amor são escritas. Pra um dos autores, teve começo e fim. Já pro outro, que não soube escrever o começo, se perdeu no infinito e jamais saberá onde fica o ponto final. E nem adianta voltar para tentar recomeçar o prefácio. O livro já está fechado para ela. Digitado, editado, impresso e mofando nas prateleiras.
ortografado por Bia às 16:58 5 argumentaram
quarta-feira, 12 de maio de 2010
SALVEM a seleção
Não sei como, depois de ontem, as orelhas do técnico Dunga não caíram. De tanto que ferveram, de tanto que este foi o nome mais comentado na tarde desta terça-feira, um mês antecedendo a Copa Do Mundo. Às 12h45 min estavam todos na expectativa de quem seriam os escalados para representar o país na competição mais importante pra nós (nesse caso ouso generalizar). Glenda Kozlowski, o tal do Tiago no Globo Esporte e eu, fixa na TV. Após o ocorrido, após aquela lista de convocados, que me fez encarar cada jogador por três segundos, a decepção. Cadê o Victor? Cadê o Ronaldinho Gaúcho? Cadê o resto dos Meninos da Vila? Pois é. Corri pro twitter e vi que não era só eu. Geral tocou no nome do Dunga. Todos utilizaram ao menos um minuto do seu precioso tempo para filosofar a respeito da decisão do técnico. Uns mais timidamente, dizendo que Dunga tá lá e sabe o que faz. Outros mais revoltados, não entendendo inúmeros porquês, todos com nomes: Ganso, Neymar, Ronaldinho, Adriano, etc e tal. Jogadores chorando por não terem sido convocados, já outros chorando de alegria porque vão conhecer a África do Sul. Não sou lá muito entendida de futebol, confesso, bem como confesso que Dunga entende disso um milhão de vezes mais que eu. Acontece que eu fiz parte dos 80%, ou grande maioria, como queiram, que se revoltou com essa escalação. Fiquei indignada, porque grande parte dos jogadores que foram escalados eu mal conheço (eu disse que era desentendida)!! Chateada, porque ao invés de eu gritar pelo Ronaldinho, vou ter que gritar pelo Grafite (???) que eu nunca vi mais magro, desculpe.
Os ídolos dessa maioria não entraram. E a válvula de escape foi atirar todas as raivas e pedras em cima do técnico, que ganhou os adjetivos mais horripilantes imagináveis e inimagináveis. Dunga não cedeu às pressões do povão. Colocou como lateral jogadores que não estavam jogando nessa função. Enfim, surtou. Fumou, loqueou, teve uma intuição que assim funcionaria, sei lá. E foi comparado com Felipão, que não escalou Romário para a Copa de 2002, foi chamado de burro e o diabo a quatro, mas trouxe o penta pra nós. Literalmente, calou a boca da tão chatinha maioria. Se esse episódio vai se repetir novamente esse ano? Não sei. Mas espero que sim. Pois, caso não aconteça, dou a dica pro tal do Dunga não sair mais de casa, de tanta pressão que vai sofrer com os “e se o Neymar tivesse jogado”, “e se o Victor tivesse no gol aquela hora”, “e se o Ganso tivesse lá naquele minuto”, e se, e se, e se. Na boa, fiquei com raiva do técnico e agora, mais calma, estou com pena. A gente tem essa mania de sofrer por antecipação, cobrar por antecipação, mas, CALMA, a Copa tem um mês ainda pra começar. Acho melhor só deixarmos pra sofrer todas essas angústias e amarguras depois, na hora, no ato. Todo mundo merece uma chance, e vai, o Dunga também merece. Mas confesso que não me sinto nada empolgada em ter que gritar e torcer pelo tal do Grafite. Me dou o direito dessa implicância.
ortografado por Bia às 12:25 10 argumentaram
terça-feira, 4 de maio de 2010
Abandone as verdades universais
Se tem uma coisa que consegue me irritar profundamente são as famosas verdades universais. Gosto não se discute, o amor é o sentimento mais nobre que existe, inveja é falta de capacidade, entre outras tantas milhares chatas como essas. É, chatas. Essas frases são consideradas “verdades”, pois uma grande maioria dos indivíduos concorda com elas. Quer saber? Grande coisa. Não consigo entender, aliás, como uma verdade pode ser estabelecida a partir de uma maioria. Enfim. Já não gostava dessas tais verdades, e depois de sair de uma aula de filosofia, passei a gostar menos ainda. Finalmente escutei alguém dizer “gosto não se discute? Pois não há nada mais discutível do que o gosto” e Kant, um filósofo alemão, concorda comigo, com licença.
Eu sou daquelas que enlouquece buscando explicações, mas não se cansa enquanto não achá-las. Pois bem, exemplifico essa questão. Uma amiga sua adora andar de rosa, azul bic e verde limão. Você olha, acha estranho, mas se conforma pensando que o gosto não é discutível. Ora, como não discutir o gosto diante de uma situação dessas? Ela deve ter um motivo no mínimo esquisito pra gostar dessa combinação. Um trauma de infância talvez. Ou, sei lá, viu uma famosa usando e achou que era moda. Olha, sem querer querendo, acabei discutindo o gosto da coitada (e sei que você também fez isso, ainda que involuntariamente). Dizendo que o gosto é discutível, no meio de 500 pessoas dizendo que não é, é chato... muito chato. Aí, o que acontece? Você acaba concordando com a ideia da maioria, ainda que, no fundo, não concorde, e passa a ser um mero um por cento a mais pra tal da generalização.
Outra coisa nesse papo todo que me deixa, como diria um amigo meu, “tiririca”, é escutar as pessoas dizendo “sua inveja faz o meu sucesso, inveja é falta de capacidade, sou o que sou e ninguém vai me mudar”. Frases prontas, ditas da boca pra fora. A pessoa que diz tooooda essa ladainha, acho que nunca parou pra pensar no que tudo isso quer dizer. E depois, ainda, ousam dizer “sou original” o que, nas entrelinhas, significa “me inveeeeeeeeeeje”, contradizendo totalmente com as benditas frases prontinhas. É. O que quero dizer a vocês, caros leitores, é que muita gente tem vontade de destruir essas verdades universais mas, por comodismo, preguiça de pensar, falta de vontade de contrariar 99,9% das pessoas, acaba deixando assim. Afinal, muito desgastante gastar suas cordas vocais com seus próprios argumentos, né? Melhor não arriscar? Pois bem, eu vos digo: CORAGEM, arrisque-se! Não tenha medo disso, até porque seus pensamentos é que fazem você, por mais que estes sejam adversos à opinião geral da nação, amém. Se eu estou certa ou errada de pensar assim? Sei lá, é minha opinião, “sou o que sou e ninguém vai me mudar”, HEHE.
PS.: adjunto de novo visu *-* algo mais clean, porque resolvi ficar discreta (não me peça explicações). créditos ao meu amado rodrigo rott, que fez a capa pra mim. rod é dono do blog sujeito-simples.blogspot.com
ortografado por Bia às 21:13 9 argumentaram
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Realidade Plastificada
Primeiramente, quero pedir um número inexistente de desculpas pelo abandono do adjunto adverbial.
Não quero e tampouco pretendo aqui citar motivos para isso ter ocorrido, só afirmar que o blog está de volta a ativa, eba pra alguns e aaah pra outros. Hehe.
Enfim, sem mais delongas... Uma realidade que venho percebendo ser frequente na nossa nação é a quantidade de vidas plastificadas. Sim, caro leitor, é da cirurgia plástica que vos falo.
Por ano, os brasileiros e brasileiras (mais as brasileiras, pressuponho) realizam UM BILHÃO de cirurgias plásticas. Seja para corrigir aquele nariz que você insiste enxergar 15 vezes maior do que o coitado é, seja para aumentar os seios para a sua blusa preferida ficar mais “recheada”, seja para tirar orelhas de abano que fazem você parecer o Dumbo, enfim, para corrigir o que você e as pessoas ao seu redor declaram como sendo defeito. Sei que esses supostos defeitos podem estar acabando com a tal da sua auto-estima, bem como sei que a cirurgia plástica já mudou (pra melhor) a vida de tantos e tantos indivíduos. Que bom que a medicina com suas tecnologias nos propiciam essa válvula de escape!
Agora o questionamento que eu vos faço é outro: até que ponto a plástica pode mudar pra melhor a vida de uma pessoa e até que ponto ela está sendo alvo de exageros ocorridos por pura vaidade? Cansei de assistir reportagens de mulheres que não se contentam com seus 500 ml de silicone e resolvem colocar mais, pra ficar ainda mais bonita (?) ou, simplesmente, aparecer (confesso acreditar mais na segunda hipótese). Cansei das notícias da tal da Bismarck que já gastou mais de cem mil com isso e mais parece uma mulher de plástico, criada nas mesas de cirurgia. Cansei de ver até consórcios pra realizar esse “sonho”. Cansei de ver mulheres como a Miss Rio Grande do Sul 2009, a Bruna Jackson (hehe), xingar e difamar seu médico por ter feito seu nariz errado (sendo que ela deveria estar ciente que isso poderia acontecer. Na certa ela pediu um nariz minúsculo para o doutor, e foi o que ele fez, neam. Mas enfim!! Vejam como ela era mil vezes mais bonita antes de ter feito a burrada: http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/0915850.jpg). Cansei dessas meninas que já são lindas e vivem reparando em defeitos que sequer existem pra ter a barriguinha da fulana de tal, pra ter o narizinho arrebitado da ciclana, pra ter a bunda da deltrana. Na boa, cansei.
Não entendo como alguém supostamente bonito aos olhos da sociedade pode se olhar no espelho e viver reparando nos defeitos, preferir correr riscos numa mesa de cirurgia ao invés de se aceitar como é. Também ainda não entendo como alguém prefere pagar uma plástica pra ter o rostinho e o corpinho do ano ao invés de investir esse dinheiro em educação, para a formação de um CARÁTER melhor, este que deveria ser mais bem reparado do que um reles nariz bem feitinho. Aliás, já pensou se existisse uma maneira médica de modificar o interior de uma pessoa por completo, de um dia pro outro? Cruzes, a fila, na teoria, deveria ser maior do que pra fazer a tal da plástica. Outro fato que eu acho ridículo é o concurso de Miss. Eu sou totalmente a favor de não aceitarem mais mulheres totalmente de plástico. Analisem na passarela: quais candidatas não têm silicone, ou não corrigiram o nariz, ou não tiraram uma costela? Quantas mulheres bonitas POR NATUREZA desistem desses concursos porque vão perder pra uma mulher que, na mais pura realidade, não é bem assim como parece? Onde está a beleza natural das brasileiras que é taaaanto lembrada?
Mas, enquanto a aparência continuar sendo o fator de maior importância na vida das pessoas, continuaremos a ver na televisão panicats de corpo perfeitamente plastificado, lindas de morrer, que só rebolam e distribuem sorrisos, porque quando abrem a boca... Continuaremos a ser um dos países que mais realiza cirurgias. Mas também continuaremos a ser o país que mais exibe mulheres lindas, belas, cheias de artefatos que enlouquecem os olhos de qualquer um. E só, infelizmente. Afinal, pra que se aceitar cheio de defeitos, se você pode ser perfeito? A mais pura verdade é que ninguém mais quer realmente aceitar a sua condição: a de SER HUMANO, acima de qualquer promessa (insuportável, diria) de perfeição.
ortografado por Bia às 11:32 4 argumentaram
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
da gaveta
eu respiro, és tu que vens na minha mente.
eu enxergo, és tu que vejo a minha frente.
eu suspiro, és tu que estás aqui presente.
eu deliro, és tu que não me permite ser inocente.
sou culpada por te fazer inspiração,
sou culpada por não tolerar a razão,
sou culpada por me sufocar nesta ilusão.
eu sei que é absolutamente meu o arbítrio de te ter pra sempre, eu tenho plena consciência de que posso viver o resto da minha vida sem sequer lembrar da tua imagem.
porém algo dentro de mim sempre grita mais alto, exclama mais forte, explicita a todos os sentidos da órbita, fazendo com que o simples fato de te esquecer seja, assim, tão arriscado e difícil.
enquanto não encontro respostas a que tudo isso que dentro de mim acontece se destina, continuarei a interpretar, a cantar, a poetizar.
mas, por favor, diga-me logo quem tu és, porque preciso te viver - e continuar não esquecendo de ti jamais, ainda que não tenha te possuído literalmente.
ouço as canções e pareço te escutar, um arrepio frio me domina por completo, me faz te sentir aqui do meu lado.
fecho os olhos e percebo o teu sussurar no meu ouvido, o teu penetrar em minha mente, o toque do teu tato em minha pele já tão sensível.
por que o desconheço? por que não apareces materialmente? por que pareço te ter todo o dia e, às vezes, passar pelos meus pensamentos equivocados que tu não passas de uma ilusão?
- achei esse meu texto de 2008 numa gaveta, por aí.
não sei quem o inspirou, não me lembro em qual transitoriedade da vida estava quando escrevi.
mas, como eu mesma digo sempre, eu não me preocupo em buscar explicações.
tudo em mim é inexplicável.
:*
ortografado por Bia às 09:35 7 argumentaram